' '' Educação ambiental na escola: Uma breve análise histórico-social. | Revista Rondoniense de Pedagogia

06/04/2015

Educação ambiental na escola: Uma breve análise histórico-social.


Este artigo traz reflexões importantes a respeito da temática “Educação ambiental”, analisando ações da Secretaria de Estado de Educação (SEE) junto com as escolas da rede de ensino e das experiências com as práticas de Educação Ambiental no Acre.

Na intenção de complementar e fundamentar as ações de Educação ambiental nas práticas de sala de aula e das unidades escolares a SEE resolveu elaborar este documento para disponibilizar aos professores que atuam no segmento de 5ª a 8ª série do Ensino Fundamental.

Trata-se de um material de cunho pedagógico para consultas e sugestões metodológicas, contudo este trabalho traz apenas considerações referentes ao 1º capítulo do documento. A análise feita pelos acadêmicos de Pedagogia é o que objetiva este trabalho, buscamos estudar essas ações e esse material avaliando seu conteúdo e sua aplicação na Educação ambiental na Escola durante exercício da profissão como futuro pedagogos.

Este artigo traz de forma sucinta um breve estudo sobre os fatos que envolveram a educação ambiental, bem como considerações importantes sobre a Amazônia, e ainda cita os 7 saberes para a educação do futuro segundo Morin, entre outras considerações importantes.

2 EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO CONTEXTO MUNDIAL

O primeiro pensamento de alguém que tem algo muito importante é o de perder o que é tão precioso para si, contudo, quando não há a consciência de algo tão relevante, ocorre o descaso, ou mesmo sabendo, opta por manter-se omisso.  Assim sendo, um dos motivos que movem a educação ambiental e que devem priorizar o trabalho do Pedagogo é a apresentação da importância do meio ambiente para o aluno e consecutivamente, sua preservação, como a água, por exemplo, que ninguém consegue viver sem, ou a energia tão necessária,porém sua relevância por si só, não é capaz de instigar sua economia.

A temeridade de escassez dos recursos hídricos e de energia ronda as preocupações de todas as sociedades organizadas, por isso, muito se tem falado,e discutido os problemas gerados pelas queimadas, enchentes, destino inadequado dos resíduos sólidos, desperdício de água e energia, poluição e tantas outras consequências trazidas ao meio ambiente. (ACRE, 2007, p. 08).

É necessário analisar como os processos relativos ao meio ambiente ocorreram no decorrer do tempo, sabe-se, portanto que se “construiu ao longo da história, acelerando-se durante o século XX com as grandes mudanças no pensamento científico e com a inserção das grandes invenções industriais e tecnológicas”.(ACRE, 2007, p. 08).Inicialmente surgiram algumas instituições sociais que buscavam saber o que ocasionava alterações no clima, desastres naturais, além de respostas, buscava-se também possíveis soluções para amenizar determinados ¹fenômenos da natureza que afetam a humanidade.

A ciência, a filosofia, as religiões, as políticas públicas e as organizações sociais buscam explicações para as mudanças climáticas, as tragédias causadas pelos fenômenos da natureza (furacões, enchentes, tremores de terra, tsunami, etc.) dos últimos tempos. Buscam, também, as soluções possíveis que respondam a complexidade e as situações novas com as quais o mundo se depara.(ACRE, 2007, p. 08).

As organizações investigam os complicados motivos que afetam o mundo, porém cabe destacar, que a poluição e uso desenfreado dos recursos naturais (principalmente os não renováveis) contribuem para desastres naturais, como os alagamentos, desabamentos, terremotos ou tremores de terra.

¹ Furacões, enchentes, tremores de terra, tsunami, etc.

2.1 EDUCAÇÃO AMBIENTAL: POR QUÊ?

Considerando as preocupações com o meio ambiente, sua importância e problemas gerados pelo mau uso dos recursos naturais e não preservação faz surgir a necessidade de instrução da sociedade para sensibilização sobre essas causas.

Neste contexto, a educação ambiental assume papel relevante na difusão dos novos conhecimentos, mas, especialmente na construção de valores e atitudes quanto ao respeito ao meio ambiente, a utilização sustentável dos recursos naturais e possibilitando a aquisição de uma nova consciência sobre as relações do ser humano com o seu meio ambiente favorecendo a inclusão social já que os agentes podem se munir dos princípios, metodologias e conceitos disponibilizados pela  ¹EA para o embasamento e suporte de práticas pedagógicas que problematiza, constrói e insere os alunos como sujeitos nas relações socioambientais. (ACRE, 2007, p. 08).

No livro “Os Sete Saberes Necessários a Educação do Futuro” Edgar Morin destaca a relevância da educação mediante as grandes transformações mundiais apresentados na ilustração a seguir:

Ilustração 1. Os sete saberes necessários a educação do futuro de Edgar Morin

Fica claro que Morin aponta a necessidade de mudanças nas atitude das pessoas, na reivenção não apenas da educação, mas também para que o saber promova as demais relações.

² EA – Educação ambiental.
                                       
A solidariedade humana é uma realidade. Existem muitas pessoas tomadas por gestos de solidariedade, porém conflitos são inevitáveis quando se estabelecem relações entre seres humanos.

Ainda que solidários, os humanos permanecem inimigos uns dos outros, e o desencadeamento de ódios de raça, religião, ideologia conduz sempre a guerra, massacres, torturas, ódio e desprezo.Os processos são destruidores de um mundo antigo, aqui multimilenar, ali, multissecular. A humanidade não consegue gerar a Humanidade. (ACRE, 2007, p. 09).

          Se as relações entre seres humanos são sempre tomadas por inimizades que desencadeiam uma série de ódio e intolerância ao outro, fica claro que estas relações são permeadas de incertezas.

[...] o próprio autor demonstra que a incerteza não é sinônimo de omissão ou inércia. Em suas palavras: “O pensamento deve, então, armar-se e aguerrir-se para enfrentar a incerteza. Tudo que comporta oportunidade comporta risco, e o pensamento deve reconhecer as oportunidades de risco como os riscos das oportunidades”.(ACRE, 2007, p. 09).

          Ao se falar em relações, faz-se necessário lembrar o primeiro ambiente de convívio mais amplo: a escola, espaço onde se estabelecem relações, formação de valores, cidadania e, portanto, de muitas perguntas. “A instituição escolar não está imune a tudo isto. Estão presentes nas rotinas escolares, de forma explícita ou implícita, uma gama de perguntas”. Tais como:

Ilustração 2. Perguntas que refletem o universo de incertezas nas rotinas escolares
Autor: Elaboradores do trabalho, 2014.1.

O pedagogo necessita pensar a escola como “[...] espaço privilegiado que possibilita a realização de práticas educativas que envolvam professores, alunos e todos que participam direta ou indiretamente da vida escolar”.(ACRE, 2007, p. 09). Essa participação nas atividades educativas tem uma série de ações que geram para o aluno aptidões para sua construção pessoal e social como:

Ilustração 3. Competências geradas pela EA.
Autor: Elaboradores do trabalho, 2014.1.

2.2 AS BASES DA EDUCAÇÃO

Conforme esclarece a Secretaria de Educação do Acre (2007, p. 10), “as preocupações voltadas para a temática ambiental não surgiram de um dia para outro”. O quadro a seguir mostra vários fatos e movimentos, que foramdelineando no âmbito internacional que hoje conhecemos como Educação Ambiental.

Ilustração 4. Quadro com Fatos e movimentos da EA.
HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Ano
Fatos e movimentos

1972
Realização pela ONU da I Conferência sobre Meio Ambiente Humano, em Estocolmo, na Suécia. A conferência é considerada um marco político internacional para o desenvolvimento de ações de gerenciamento do meio ambiente e define a educação ambiental como um instrumento poderoso para combater a crise ambiental do mundo.



1977
Realização em Tbilise,na Geórgia (Leste Europeu) da I Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental. A conferência organizada pela UNESCO em cooperação com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente-PENUMA, constituiu-se em um ponto de partida para orientar as ações de educação ambiental no âmbito internacional definindo objetivos, estratégias e princípios.



1988
É promulgada a Constituição Federal Brasileira, na qual em seu artigo 225, no capítulo V - Do Meio Ambiente, inciso VI, destaca a necessidade de “promover a Educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente”.






1992
Conhecida como a Rio 92, aconteceu na cidade do Rio de Janeiro a II Conferência sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Humano. Dessa Conferência resultou a Agenda 21, que reúne um conjunto de princípios e intenções e propõe o desenvolvimento da educação ambiental no ensino formal e não formal. Paralelo a II Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio/92), foi realizado pelas ONGs o Fórum Global, que resultou no Tratado de EducaçãoAmbiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global. Neste Documento, a educação ambiental é considerada como um processo de permanente construção para a busca das sociedades sustentáveis e equitativas.








1994
Em função das demandas da Constituição Federal de 88 e dos compromissos assumidos a partir da Agenda 21, foi criado o Programa Nacional de Educação Ambiental - PRONEA, que estabeleceu diretrizes e ações voltadas respectivamente ao sistema de ensino e à gestão ambiental, sob a responsabilidade dos Ministérios do Meio Ambiente e de Educação. A Lei 1117/94, que dispõe sobre a política ambiental do Estado do Acre, situa a educação ambiental “enquanto mecanismo a ser utilizado na instrumentalização da política estadual de meio ambiente, o conjunto de iniciativas da sociedade que eleve o grau de informação, capacidade de organização, mobilização e exercício de todas as prerrogativas de cidadania da comunidade, para conquista crescente de melhores níveis de qualidade de vida”.



1996
A Lei de diretrizes e Bases da Educação-Lei 9394, também contempla embora timidamente a abordagem da educação ambiental, quando estabelece que “o ensino fundamental (...) terá por objetivo a formação básica do cidadão mediante a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamentam as sociedades”. Art.32, inciso II.

1997

O MEC elaborou os Parâmetros Curriculares Nacionais de 1ª a 8ª série do Ensino Fundamental e estabeleceu a dimensão ambiental como tema transversal.



1999
É instituída a Lei 9.795/99 que estabelece a Política Nacional de Educação Ambiental nas diferentes esferas de governos. Esta lei define como um dos princípios básicos de educação ambiental, a compreensão do meio ambiente em sua totalidade, considerando a interdependência entre o meio natural, o socioeconômico e o cultural, sob o enfoque da sustentabilidade.




2004
O MEC institui o Programa Vamos Cuidar do Brasil com as Escolas, que tem como objetivo geral consolidar a institucionalização da educação ambiental nos sistemas de ensino, por meio de um processo permanente que promova um círculo virtuoso de busca de conhecimento, pesquisa e geração de saber e a ação transformadora nas comunidades locais. Uma das ações do programa refere-se a formação das COM-VIDAS (Comissão de Meio Ambiente e Qualidade de Vida nas Escolas).
Fonte: Adaptado. Autor: Secretaria de Educação do ACRE (2007, p. 10).

2.3 NASCE UM CONCEITO: FLORESTANIA.

Para analisar o conceito de florestania, faz necessário verificar também o processo histórico que ocorreu no decorrer dos séculos XIX e XX e a inserção da floresta Amazônica nos processos de expansão.

Ao longo dos séculos XIX e XX a Amazônia foi inserida nos processos de expansão da comunidade internacional e nacional. A industrialização, especialmente a de pneumáticos, promoveu frentes de migração, exploração e comercialização que atendiam necessidades da reorganização econômica internacional naquele período. (ACRE, 2007, p. 11).

Muitas pessoas vindas de diferentes partes do Brasil se estabeleceram na Amazônia gerando alguns conflitos, conforme esclarece a Secretaria de Educação do Acre (2010, p. 11), a inserção das frentes de migração, basicamente de nordestinos, na Amazônia gerou conflitos com as populações indígenas que aqui viviam com modos de vida, costumes, culturas e religiões diferentes daqueles que chegavam. Certamenteas peculiaridades de cada pessoa acabam se impondo diante de outra.

Acontecendo as chamadas “Correrias”. Na década de 1970 o processo de expansão se intensifica com a política de “Integração Nacional” voltada para a Amazônia. Foi á época dos grandes projetos agropecuários, abertura de grandes rodovias, novas frentes migratórias advindas do sul do país, os conhecidos “paulistas”. Época, também, dos financiamentos nacionais e internacionais para a instalação de projetos de produção e infraestrutura para a Amazônia.Este processo foi marcado por conflitos entre posseiros e grileiros, entre fazendeiros e seringueiros, entre latifundiário e mini fundiários. Os processos de resistência, finais da década de 70 e a década de 80, fortificaram-se com a criação dos sindicatos rurais e a realização dos “empates” (como forma de proteção da floresta) de onde surgiram líderes como Wilson Pinheiro e Chico Mendes. (ACRE, 2007, p. 11).

Cabe destacar ainda, o movimento de resistência que aconteceu na época, como o dos “[...] seringueiros, índios, ribeirinhose trabalhadores rurais” movimentos estes que atraíram “[...] a atenção da sociedade amazônica, brasileira e mundial para a defesa e proteção da floresta”.(ACRE, 2007, p. 11).

2.2.1 A importância da Amazônia.

Certamente os problemas ambientaissensibilizaram para a preservação das florestas, considerando sua relevância, difundindo a consciência de que esta:

[...]garante a vida daqueles que fazem uso com sabedoria dos recursos florestais e é indispensável para o equilíbrio climático do planeta. Estas preocupações, atualmente são constantes na sociedade amazônica e mundial.(ACRE, 2007, p. 13).

          Assim sendo, surgem junto a essa consciência, maiores preocupações com a preservação das florestas, em especial a Amazônica, justificada por muitos motivos, pois representa mais que apenas sustentabilidade, representa “[...] a garantia da vida de homens, mulheres e crianças que nela habitam,que produzem e criam culturas diversificadas nesta região”. (ACRE, 2007, p. 12).
          A preservação da Floresta Amazônica é importante por diversos motivos, para justificar tais preocupações, apresentamos no quadro a seguir, uma síntese dos dados apresentados pela Secretaria de Educação do Acre (2007, p. 12):

Ilustração 5. Justificativas para preservação da Amazônia.
MOTIVOS PARA PRESERVAÇÃO DA FLORESTA AMAZÕNICA
Recursos
Justificativas
Espaço territorial.
Amazônia corresponde a 1/20 da terra, 2/3 das florestas tropicais do planeta.

Rios e afluentes.
O Rio Amazonas com seus afluentes são responsáveis pela maior concentração de água doce do mundo.
Espécies vegetais e animais.
Pela quantidade de espécies vegetais e animais existentes é a maior reserva genética que se conhece.

Água e a vegetação
A água e a vegetação influenciam o clima global e absorve o gás carbônico.Gás que integra os elementos de aquecimento do planeta e o efeito estufa.
Energia, petróleo, gás natural e biocombustíveis.
A Amazônia tem, também, um grande potencial para geração de energia pela quantidade de petróleo, gás natural e biocombustíveis.
Minerais.
Possui grande quantidade e diversidade de minerais.
Autor: Elaboradores do trabalho, 2014.1.

Ao apontar motivos que justificam as preocupações com a floresta amazônica, não se pode deixar de citar alguns problemas gerados por um potencial tão grande, a partir disto, dispomos de alguns conflitos gerados por interesses ou mesmo descaso com apopulação conforme informações obtidas pela Secretaria de Educação do Acre (2007, p. 12):

Ilustração 6. Elementos geradores de conflitos para a população da Amazônia
ELEMENTOS GERADORES DE CONFLITOS
Exclusão das políticas públicas.
Sofrem com os problemas ambientais causados, sobretudo pela classe mais rica que concentra grandes latifúndios e exploram de forma desenfreada os recursos naturais.
A região encontra-se no centro de discussões e alvo de interesses internacionais.
Autor: Elaboradores do trabalho, 2014.1.
    

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Enquanto pedagogos, percebemos que diante da situação em que se encontra a Educação Ambiental não só nas escolas acreanas, mas também de Porto Velho, no Brasil e no mundo, devemos promover o conhecimento, o desenvolvimento de atitudes, habilidades e competências necessárias à formação humana.

A Educação Infantil é uma modalidade importante como percursora da Educação ambiental, afinal, quanto mais cedo acontecer o processo de sensibilização para preservação do meio ambiente,maior será o envolvimento nas causas ambientais que é um interesse de todos.

REFERÊNCIAS

ACRE, Secretaria de Educação. Educação ambiental na escola. Rio Branco,Ac: SEE/ACRE, 2007.



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