' '' O Gênero afeta a educação: Como avaliar a aprendizagem? | Revista Rondoniense de Pedagogia

06/04/2015

O Gênero afeta a educação: Como avaliar a aprendizagem?

Artigo por Valdineia Barreto - 

As discussões sobre gêneros no Brasil, ainda se configuram como um processo lento, considerando o desenvolvimento escolar discutido em outros países, o que é preocupante avaliando os índices das recentes pesquisas nessa área do rendimento escolar, que analisa não apenas segundo o nível econômico, social e cultural do aluno que afeta seu desenvolvimento na escola.

Os estudos mais recentes indicam que as mulheres brasileiras possuem um nível educacional maior que o dos homens, “[...] os meninos apresentam taxa de reprovação de 57%, enquanto a das meninas era de 42%”. (MEYER, 2010, p. 20). Esses dados referem-se ao aproveitamento dos meninos e meninas na escola, contudo, conforme aponta Dagmar Meyer (2010, p.20), sopesando a diversidade cultural destes, a situação é ainda mais alarmante, pois o risco de reprovação de meninos negros é 3 (três) vezes mais que o que meninos brancos, logo, a raça representa um fator negativo?

Entende-se que gênero e raça afetam diretamente o ensino, entretanto talvez o docente possa não perceber esses empecilhos que afetam o educando e sua influência na aprendizagem e rendimento escolar.
           
Talvez os docentes não reflitam o suficiente sobre como o contexto social, econômico e racial pode contribuir com o baixo rendimento, assim, cabe destacar que a aquisição de conhecimentos nem sempre é o fator principal, mas a raça e condição econômica pode representar um desestabilizador do bom desempenho escolar do educando.
           
O docente não pode fazer uma reflexão quanto à aquisição de conhecimentos e /ou desenvolvimento cognitivo, sem entender que o contexto social do educando, é parte do seu contexto escolar, estes estão vinculados e em um ou noutro momento apresentam-se como contextos indissociáveis.

A avaliação sob o olhar de gênero

Assim sendo, avaliar o rendimento escolar do aluno, exige reflexões bem mais amplas para que o docente possa avaliar, além do seu desempenho nas atividades escolares, analisando alguns possíveis fatores de gênero que poderiam acarretar a um baixo rendimento escolar.

Se existem diferenças entre o nível de rendimento escolar de meninos e de meninas, o docente poderia pensar essas diferenças durante a avaliação do educando, uma vez que esta influencia seu aproveitamento abertamente.
           
Gênero e aprendizagem

Conforme tem sido apontado durante discussões em sala, não há como desvincular o aluno do gênero que possui e sua influencia na aprendizagem, porém até a abordagem desta disciplina na graduação, certamente uma avaliação da aprendizagem que considere a diversidade de gênero, não havia sido pensada com a perspectiva de avaliação com “olhos de gênero”, e isso se torna ainda mais relevante quando pensamos a aprendizagem do aluno, conforme Dagmar Meyer (2010, p. 20), enfatiza: “[...] os indivíduos aprendem desde muito cedo – eu diria que hoje desde o útero”.

A ênfase que autora assinala, refere-se à aprendizagem como um processo essencial na vida do aluno, certamente todo indivíduo tem capacidade para aprender.
           
Conforme o aluno aprende, adquire comportamentos que possibilitam que ele viva não apenas no espaço escolar, mas em sociedade, neste caso a aprendizagem representa um “viver melhor” ou “viver pior” conforme o gênero, assim a aprendizagem configura-se como um elemento significativo para reflexão dos educadores de meninos e meninas.
           
O gênero é um elemento tão importante que meninos e meninas aproveitam as descobertas e experiências de cada um, aliás, tiram proveito dos erros, acertos e principalmente das técnicas humanas padrões¹.
           
Um exemplo do que seria uma técnica humana padrão, é a prática de “cozinhar em casa” como sendo exclusivamente do sexo feminino, mas não é, embora tenha sido considerada e ainda seja uma prática natural da mulher.
           
A escola e alguns meios educacionais são uma maneira de fazer com que a aprendizagem necessária para a conivência de meninos e meninas seja, mais dinâmica porque esses conhecimentos não podem ser adquiridos de forma natural, sem considerar o gênero, pois são necessários estudos dirigidos e que considerem essa diversidade, seja racial, social ou cultural, para que o indivíduo aprenda.

Por exemplo, sobre aprender a somar, multiplicar, dividir, ouvimos discursos durante campo em estágio supervisionado, que meninas têm dificuldade com a disciplina de matemática e os meninos mais facilidade, porém em Língua Portuguesa as meninas tem um rendimento escolar maior.       

Será que durante a avaliação o docente poderia considerar a dificuldade das meninas enquanto avalia seu desempenho na disciplina de matemática? Ou o contrário sendo os meninos em Língua portuguesa?

CONCLUSÃO

Ninguém nasce sabendo, mas pode aprender com o tempo, mas qual o tempo necessário quando se é menino ou menina? Até que ponto o gênero precisa ser considerado durante avaliação? Os questionamentos são maiores que as conclusões, porém, as respostas podem surgir com o estudo da disciplina “Corpo, gênero e sexualidade” proposto em sala de aula ou pelo menos incitar discussões sobre a temática e reflexões que possam trazer um olhar de gênero.

Enquanto acadêmica de pedagogia considero importante fazer uma reflexão sobre como o gênero influencia a aprendizagem e o rendimento escolar do aluno, neste caso, como ser menina ou ser menina influencia na realidade na sala de aula.

Os conhecimentos obtidos na disciplina “Corpo, gênero e sexualidade” podem facilitar as aulas, a escolha dos métodos e técnicas de ensino, material didático que vai trabalhar nas aulas e caso necessário fazer uma adaptação do currículo escolar para trabalhar a diversidade de gênero no espaço escolar.



¹ Voltando ao artigo proposto pela autora Dagmar Meyer (2010, p. 9) intitulado “Mudanças sociais alimentam obesidade” apresentado em sala.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MEYER, Dagmar. Gênero e Educação: teoria e política.  Rio de Janeiro: Vozes, 2010.

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